Fabricantes da Sputnik V anunciam processo contra a Anvisa por “difamação”
Diz que gerente geral admitiu “erro” Fundo nega risco em imunizante
O RDIF (Fundo Russo de Investimento Direto), responsável pela produção e distribuição da vacina Sputnik V, afirmou, nesta 5ª feira (29.abr.2021), que vai iniciar um processo judicial contra a Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária).
O fabricante do imunizante contra a covid-19 diz que a agência reguladora “espalhou informações falsas e imprecisas intencionalmente”.
Em uma série de publicações no perfil institucional da vacina no Twitter, o fundo russo falou que a Anvisa “fez declarações incorretas e enganosas sem ter testado a vacina” ao negar a permissão de importação e uso emergencial do imunizante no Brasil.
O fundo citou ainda que a agência teria “desconsiderado documento oficial enviado pelo Instituto Gamaleya sobre a ausência de adenovírus replicante”.
A página da Sputnik V na rede social disse também que o gerente de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, teria “admitido o erro” ao dizer que a agência “não fez um teste para verificar se há adenovírus replicado” na vacina.
“PRESSÃO POLÍTICA”
Na 3ª feira (27.abr), Kirill Dmitriev, presidente do fundo russo, afirmou que a única justificativa plausível para a decisão da Anvisa de negar a autorização para importação da vacina seria “pressão política”.
“Acreditamos que a única motivação verdadeira para a decisão da Anvisa é a pressão política“, afirmou.
Dmitriev se referiu à admissão do governo dos Estados Unidos de ter pressionado o Brasil contra a compra da Sputnik V. “Gostaria de dar parabéns ao governo norte-americano, porque o objetivo deles provavelmente se concretizou agora“, disse.
“A Anvisa teve um comportamento estranho, não conversou diretamente com a gente e divulgou informações falsas para a imprensa. Nunca vimos nada parecido“, disse Dmitriev.
DECISÃO DA ANVISA
A Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária) negou, na última 2ª (26.abr), a permissão para importação e uso emergencial excepcional da vacina Sputnik V.
Técnicos disseram ter identificado falhas no desenvolvimento da vacina russa, na qualidade e na segurança do imunizante. Todos os 5 diretores votaram para barrar a Sputnik V, depois de 5 horas de reunião.
Na ocasião, Gustavo Mendes afirmou que a Sputnik V usa como vetor o adenovírus. Ele é usado como “transporte” do material genético do coronavírus que irá condicionar o organismo a combater e neutralizar a infecção.
Nesses casos, o adenovírus é manipulado para não se replicar dentro do corpo. Mas, segundo a Anvisa, os técnicos encontraram adenovírus replicantes em todos os lotes da Sputnik V submetidos ao controle de qualidade da agência. O fabricante nega.
O RDIF afirma que os únicos tipos de adenovírus replicantes utilizados na vacina são “inofensivos para o corpo humano“. Também diz que a Anvisa não pediu nenhuma informação sobre os adenovírus e sobre como eles são utilizados na composição da vacina.
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