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Justiça

Blackface considerado ato racista é encontrada em pagina oficial da Prefeitura de João Pinheiro

Do inglês, black, “negro” e face, “rosto”, a prática vai muito além da pintura da pele. Durante muitos anos, a ação foi usada para ridicularizar pessoas negras e servir de entretenimento.

Uma postagem na pagina no site oficial da Prefeitura Municipal de João Pinheiro, foi encontrada pela representante estadual do, Frente Favela, Marta Santana, que logo em seguida entrou em contato com o Sputnik Voz do Povo, para informa, sobre o conteúdo que é compreendido como ato racista, e de acordo com ela, deve ser removido da pagina da prefeitura quanto antes.

O material publicado é de 5 De Julho De 2018, quando na ocasião foi promovido o Arraiá da Copa do Cras, que aconteceu nas dependências do CRAS I no Bairro Alvorada, na noite do dia 28 de Junho, de 2018.

Na ocasião aconteceu uma confraternização com os participantes dos cursos e oficinas do CRAS e seus familiares. A comemoração que recebeu o nome de ARRAIA DA COPA DO CRAS I foi um misto com festa junina no clima da copa do mundo e contou com apresentação de pessoas vestidas de bonecas, e entre elas um blackface. A atitude polêmica reacendeu o debate sobre porque a prática não apenas é ofensiva, como também racista, de acordo com a representante do, Frente Favela.

Mas o que é o “blackface”?

Do inglês, black, “negro” e face, “rosto”, a prática consiste na pintura da pele com tinta escura. Estipula-se que tenha iniciado por volta de 1830, nos Estados Unidos, em meio ao período de transição entre escravidão e abolição da escravatura.

“Após a abolição nos Estados Unidos, para poder criar um mecanismo de subjetividade negativa sobre a população negra, passaram a usar estereótipos de forma negativa para poder caracterizar a população negra como incapaz de conviver com os direitos democráticos de liberdade. Ou seja, ela tinha liberdade, mas não tinha cidadania”, explicou a ativista antirracista Marta Santana.

Ao contrário do que a normalização da prática deu a entender por muitos anos, o “blackface” não se trata apenas de pintar a pele de cor diferente.

A origem da prática está diretamente atrelada à ridicularização de pessoas negras e tinha como finalidade a privação ao negro no exercimento da cidadania.

Essas imagens negativas da população negra criam uma subjetividade que legitima as práticas de violência e negação da cidadania da população negra. Ela criminaliza o direito de cidadania da população negra e cria um viés social que legitima a brutalidade e a destruição dos corpos negros nas sociedades racistas.

No século 19, atores brancos usavam tinta para pintar os rostos de preto em espetáculos humorísticos, se comportando de forma exagerada para ilustrar comportamentos que os brancos associavam aos negros.

Essas personagens não tinham características positivas: falavam errado, eram mal caráter, preguiçosas, atrapalhadas, sexualizadas, violentas e animalescas. Através do “blackface”, pessoas negras eram ridicularizadas para o entretenimento de brancos. Estereótipos negativos vinham associados às piadas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

“Não é inocente a construção dessa imagem, ela tem consequência. Da destruição dos corpos não normalizados, da segregação desses corpos e da negação da cidadania. Essa estratégia foi utilizada em todas sociedades abertamente racistas que brutalizaram as populações não brancas”, conta Marta Santana

No contexto brasileiro, a prática se popularizou especialmente durante o carnaval, quando pessoas brancas se fantasiam de “Nega Maluca” ou de “Índio” usando o argumento de que estão fazendo uma homenagem. No entanto, a prática é considerada desrespeitosa para essas culturas..

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Por Jeferson Sputnik Jornalista RTP 0021471/MG

Jornalista RTP 0021471/MG Radialista Social Media Mais de 100 milhões de acessos em 2022 Assessor parlamentar Câmara dos Deputados Brasília Sangue A Positivo