Minas Gerais pode ter volta às aulas presenciais até em escolas sem banheiros mesmo com UTIs lotadas
O protocolo aponta a necessidade de um retorno seguro, com regras de distanciamento e de higienização
O retorno do ano escolar nas escolas da rede pública de Minas Gerais será no dia 3 de março. A volta às aulas será no dia 8 de março, a princípio, ainda restrita ao modelo remoto, em razão de decisão judicial em caráter liminar que impede o retorno de forma presencial
Professora Denise Romano, coordenadora-geral do Sind-UTE-MG, afirmou em entrevista que não houve investimento mínimo em infraestrutura para que fosse possível a volta às aulas presenciais
Das mais de 3600 escolas de Minas Gerais, 1027 não têm banheiro para funcionários e 900 sem refeitório, onde os alunos merendam no chão. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), quer a volta às aulas presenciais sem ter oferecido uma perspectiva de vacinação em massa no estado.
O anunciou da volta as aulas aconteceu nessa última quarta-feira (24), nas escolas mineiras, e de acordo com a professora o retorno estará acontecendo mesmo nas escolas sem infraestrutura adequada ou uma perspectiva de vacinação em massa no estado.
A denúncia é da coordenadora-geral do Sind-UTE-MG, Denise Romano, professora da rede estadual de Minas Gerais.
Em entrevista ao canal 247, a professora falou que o governo mineiro quer um “retorno híbrido” às escolas, ou seja, os pais que desejarem poderão enviar seus filhos para as escolas.
O momento enfrentado por Minas Gerais, é muito difícil devido a covid-19, onde vários municípios estão com sistema de saúde já caminhando para um colapso. A professora citou diversas cidades no interior de Minas Gerais. “Patos de Minas, Unaí, João Pinheiro, Uberaba, Uberlândia… Em Monte Carmelo, a prefeitura ficou sem recipiente para usar oxigênio”, disse Denise Romano.
Denise Romano reclama que não houve investimento mínimo em infraestrutura para escolas para que fosse possível a volta às aulas presenciais.
“Das mais 3600 escolas (de Minas Gerais), 1027 escolas não têm banheiro para funcionários. São instalações sanitárias compartilhadas. 900 escolas não têm refeitório. Os alunos merendam sentados no chão”, informou Denise Romano. “Nós estamos na escola, não estamos atrás das mesas escrevendo protocolos que não vão ser cumpridos. Nós conhecemos as escolas”, completou.
“O que aconteceu em Manaus, nós estamos vendo acontecer aqui agora. O Amazonas foi o primeiro estado a retornar com aulas presenciais, sem testagem, quando nem tinha perspectiva de vacina. Por isso, agora, é mais criminoso ainda. Temos dez vacinas utilizadas no mundo e nós não temos nenhuma”.
A volta às aulas presenciais, no entanto, só será permitida aos municípios que estiverem nas ondas verde e amarela do Minas Consciente, plano do Governo de Minas para a retomada das atividades.
Além disso, é necessária adesão da prefeitura. Ou seja, ela apenas acontecerá nos municípios onde o retorno às aulas presenciais for autorizado pelo poder municipal, mesmo nas escolas estaduais.
Todas as escolas estaduais seguirão o protocolo e a estratégia educacional da Secretaria de Estado de Educação. No caso das instituições de ensino municipais e particulares, cabe a cada município avaliar se irá aderir ao protocolo estadual ou se a prefeitura desejará criar suas próprias regras para o funcionamento.
Protocolo de retorno
O protocolo é fruto de debates e reuniões técnicas do Grupo de Trabalho formado por representantes das secretarias de Estado de Saúde (SES) e da Educação (SEE), da Sociedade Mineira de Pediatria e da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, que contou ainda com a participação de outras entidades, associações e sindicatos de servidores como convidados.
O grupo analisou dezenas de estudos internacionais sobre o impacto da pandemia em crianças e adolescentes, além de dados epidemiológicos da COVID-19 estaduais, nacionais e internacionais.
Higiene e proteção
As escolas deverão disponibilizar equipamentos de proteção e produtos de higiene para alunos, professores e funcionários, como dispenser com sabonete líquido, álcool em gel, máscaras reutilizáveis, copos descartáveis, papel toalha, luvas e lixeiras com tampa e pedal.
Bolhas
É recomendado às escolas a adoção de horários distintos de entrada e saída de diferentes turmas ou de criação de bolhas, com grupos de alunos de que não se cruzem.
Ondas
O retorno às aulas presenciais será possível, em caso de autorização municipal e desejo dos pais dos alunos, nas ondas verde e amarela do Minas Consciente. No entanto, caso a macrorregião em que o município esteja inserido regrida para a onda vermelha, as aulas presenciais poderão continuar, desde que haja o cumprimento de regras ainda mais rígidas de distanciamento.
Distanciamento
Nas ondas verde e amarela, haverá distanciamento mínimo de 1,5 metro entre os alunos. Como o tamanho médio das salas de aula da rede estadual é de 42 m², haverá, em média, 18 alunos em cada turma, a depender da configuração estrutural de cada sala. Na onda vermelha, o distanciamento mínimo será de 3 metros entre os alunos.
Critérios de preferência
Quando há mais interessados no retorno presencial do que o possível para a realidade daquela comunidade escolar, a instituição de ensino poderá usar critérios de preferência ou de não preferência, como: crianças pertencentes a grupos de risco; crianças que residam com pessoas de grupo de risco; famílias em condição de vulnerabilidade, principalmente aquelas já registradas no CadÚnico; crianças que residam com tutores sem companheiros, com necessidade de trabalho presencial para manutenção de renda familiar.
Ensino estadual
O retorno do ano escolar nas escolas da rede pública de Minas Gerais será no dia 3 de março. A volta às aulas será no dia 8 de março, a princípio, ainda restrita ao modelo remoto, em razão de decisão judicial em caráter liminar que impede o retorno de forma presencial.
Suspensão das aulas
O protocolo do Estado cita possibilidades para a suspensão das aulas presenciais em uma sala de aula, em um turno, em uma escola ou mesmo em um município. Essa medida vai depender das ocorrências de casos.
Havendo mais de um caso de aluno com diagnóstico confirmado de COVID-19 em uma mesma turma, toda aquela turma deve migrar para o ensino on-line. Havendo mais de uma turma suspensa em um mesmo turno, todo aquele turno migrará para ensino remoto. No caso de necessidade de suspensão de mais de um turno, toda a escola deverá migrar para ensino on-line temporariamente.
No tocante à atividade escolar de uma forma geral no município ou no estado, os gestores municipais e estaduais deverão observar os indicadores gerais para determinar se há ou não necessidade de suspensão parcial das aulas em municípios, regiões ou em todo o estado.
Monitoramento
Qualquer metodologia de retorno deve ser monitorada constantemente, para entender os impactos na situação epidemiológica, local e estadual. A principal fonte de monitoramento será o plano Minas Consciente, com indicadores que fomentam e subsidiam o debate de mais reuniões dos gabinetes de crise do estado, incluindo o Grupo Executivo do Minas Consciente e o Comitê Extraordinário Covid-19.
O Comitê Extraordinário Covid-19 é presidido pelo secretário de Estado de Saúde, o médico Carlos Eduardo Amaral. Conta ainda com o governador Romeu Zema, todo o secretariado do Executivo mineiro, representantes do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público de Minas Gerais, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, da Defensoria Pública de Minas Gerais, do Tribunal de Contas do Estado, entre outros órgãos estratégicos.
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