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Estradas e Rodovias

Grupo de trabalho é criado para reduzir acidentes e óbitos na BR-040, a rodovia mais mortal do Brasil

Frequência de acidentes na BR 040 levou autoridades de cidades de Minas Gerais à criação de grupo de trabalho para buscar alternativas de segurança na rodovia

Termo de criação do GT foi assinado na última sexta-feira (31), durante evento na sede da AMIG

Na manhã da última sexta-feira (31), a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) deu início ao Grupo de Trabalho (GT) sobre a BR 040. A iniciativa foi criada com a proposta de promover o diálogo entre os principais atores (usuários, mineradoras, siderúrgica, moradores, transportadoras, entre outros) para buscar a otimização da utilização da rodovia, definir um planejamento e adequação de seu traçado com a máxima segurança, respeitando os interesses de todos.

O GT é composto pelo presidente da AMIG e prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira; além dos prefeitos de Congonhas, Cláudio Antônio de Souza, que é o coordenador do GT; de Itabirito, Orlando Caldeira; de Nova Lima, João Marcelo Dieguez Pereira; de Belo Vale, Waltenir Liberato Soares; e de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo de Araújo.

O evento de lançamento contou com a presença da diretoria da AMIG, prefeitos e representantes de municípios associados, vereadores das cidades impactadas, representantes do CREA-MG e do engenheiro civil Herzio Geraldo Bottrel Mansur, que desenvolveu o estudo que motivou a criação do GT. Ele realizou um trabalho detalhado sobre a BR-040, no trecho entre Alphaville e Congonhas, com o objetivo de sensibilizar as autoridades públicas sobre a falta de infraestrutura, descuidos e os pontos da via que trazem maior risco para a segurança dos usuários e, também, os números de sinistros e mortes ocorridos nos últimos anos.

“A AMIG vem trabalhando pela criação de políticas públicas que solucionem esses problemas nas rodovias, que colocam a vida de milhares de pessoas em risco todos os dias. No GT 040 vamos buscar um diálogo com todos os envolvidos. Teremos todo um planejamento de  ações para construir um caminho  para resolver esses problemas que tiram vidas e colocam outras em risco todo dia”, observou José Fernando durante o evento.

O presidente da AMIG criticou a falta de iniciativas por parte dos governos Federal, Estadual, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT,pela concessionária responsável pela rodovia, cujo contrato está finalizando, e das empresas mineradoras. “Precisamos de uma ação mais efetiva para solucionar essa situação que se agrava dia após dia. Também temos que pensar no impacto econômico que isso traz para as cidades afetadas. Esses municípios são prejudicados em todas as instâncias, como por exemplo no turismo, que é o caso de  Ouro Preto. Antes se demorava 1h para chegar à cidade, hoje, se gasta 2h e não se sabe se realmente vai chegar ao destino final”, avaliou

O coordenador do GT, Cláudio Antônio de Souza, pontuou que essa é uma batalha que as prefeituras vêm travando ao longo dos anos. Temos observado o aumento do tráfego pesado, na rodovia, principalmente de caminhões e carretas ligadas à atividade de mineração, que percorrem esse território, buracos e acidentes fatais que não têm sido objeto de atenção. Há mais de 20 anos estamos aguardando por soluções, buscando projetos e propostas. A  concessão da rodovia não trouxe a solução esperada. Por isso, a sugestão da AMIG de se criar  este Grupo de Trabalho foi extremamente assertiva, justamente para nós sermos os propositores das ações que vão solucionar de vez esse caos na BR-040”, disse.

Estudo BR 040 – “A cada 10 minutos, quase 50 carretas passam pela 040. A rodovia tem uma morte a cada 12 dias”, ressaltou Herzio Geraldo Bottrel Mansur, durante o lançamento do GT. Ele contou que, após sofrer um acidente, em 2019, envolvendo duas carreta, se dedicou a um minucioso levantamento sobre o trecho entre o bairro Alphaville Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, até a cidade de Conselheiro Lafaiete, considerado um dos mais perigosos da BR 040.

A pesquisa levou em consideração o fluxo de veículos, o número de vítimas fatais, número de sinistros e suas características em uma extensão de 54 km. O estudo, realizado durante dois anos – entre os anos de 2020 e 2022 -, mostrou que no trecho foram registrados 272 sinistros, com 53 mortes. No trecho analisado, foram registrados 120 sinistros e 25 vítimas fatais (em 2020) e 132 sinistros e 26 vítimas fatais (em 2022). A segunda-feira foi o dia da semana com o maior número de sinistros (49) e vítimas fatais (15). Os locais onde ocorreram mais acidentes, por ordem são: os quilômetros 593, 614, 611, 588 e 565.

Segundo o engenheiro, apesar de todo o trecho observado apresentar alta periculosidade, existem locais que concentram altos índices de acidentes e mortes, como por exemplo, o decurso entre os km 582 e Km 593 no qual foram registrados 88 sinistros, com 9 mortes, e entre os Km 611 e Km 617, onde há interface com a malha viária urbana, que apresentou 61 sinistros e 14 mortes. “São dados que mostram um cenário estarrecedor. Essa estrada não foi ajustada para as mudanças socioeconômicas potencializadas pelo seu eixo nas últimas décadas. É uma rodovia hostil, perigosa e letal”, declarou.

Participação das carretas de minério – No levantamento, Hérzio Mansur mostrou um ponto relevante de participação das carretas de minério nos acidentes. Segundo ele, dos 272 sinistros apontados, 127, ou seja 46,7%, contaram com a presença deste tipo de veículo, sendo 28 acidentes com vítimas fatais.  De acordo com o engenheiro, apenas no Km 581, no período das 18h05m às 18h15m, cerca de 114 veículos passaram pelo local, sendo 44 carretas, ou seja, 27,85% dos usuários. “Verifiquei que, independentemente do horário e das condições climáticas, o volume de carretas transportando minério predomina em todo o trecho. Ou seja, para quase três veículos que utilizam a via, uma é carreta de minério”, destacou.

O alto índice de carretas circulando na via chama a atenção, devido a via paralela à BR 040 que deixou de ser utilizada. “Se ela fosse aproveitada, isso tiraria as carretas de minério da rodovia. Isso precisa ser revisto. Dá pra se utilizar de uma maneira que agrida menos uma mãe que está levando seu filho para a escola, a pessoa que está indo trabalhar ou até mesmo para quem viaja para o Rio de Janeiro”, avalia o engenheiro responsável pelo levantamento.

Para a vice-prefeita de Ouro Preto, Rosiane Braga, é extremamente importante a criação desse ambiente institucional de diálogo e essa união de forças de municípios tão importantes  para Minas Gerais e o Brasil. “Vamos tratar de uma questão de fundamental importância que vem sendo adiada por todos os atores envolvidos. Precisamos propor e cobrar resoluções, afinal estamos falando de vidas humanas. A BR 040, hoje,  é a rodovia que mais mata no Brasil. São vidas ceifadas todos os dias. Esse é um assunto que não pode ser mais adiado”, enfatizou.

Próximos passos- Ainda na primeira quinzena de abril será marcada a primeira reunião do Grupo de Trabalho com a Polícia  Rodoviária Federal e a Estadual para ampliação do diálogo e relacionamento das mesmas com os municípios afetados. O GT também vai solicitar uma audiência com o ministro de Transportes, Renan Filho, sobre os entraves da rodovia que motivaram a criação do grupo.

Também será solicitada uma agenda com o Governo de Minas para apresentar o GT e reforçar as primeiras pautas. Entre os pontos a serem abordados estão as obras no trevo de Água Limpa. Segundo o  prefeito de Itabirito, Orlando Caldeira, a proposta já foi apresentada ao DER-MG, já aprovado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, que garantiu melhorias para o local. “As mineradoras assumiram o compromisso de arcar com os custos, porém até hoje a concessionária, que ainda está à frente da rodovia, não executou o projeto. As obras resultarão em mais segurança aos motoristas que trafegam pela BR-040, aos moradores da região de Água Limpa e às empresas instaladas no Distrito Industrial da rodovia”, destacou.

Orlando reforçou que a realização de melhorias no trevo é uma demanda antiga da população de toda a região. “Estamos trabalhando com afinco, em conjunto com os municípios vizinhos, para concretizá-la e solucionar o problema dos recorrentes acidentes no local. Já apresentamos o projeto à  Agência Nacional de Transportes Terrestres – (ANTT) e queremos colocá-lo em prática, com urgência”, salientou.

As estradas mais perigosas do Brasil

Sem mais delongas, vamos às rodovias mais críticas do nosso país.

BR-101

É a mais longa do Brasil. Começa no Rio Grande do Norte e vai até ao Rio Grande do Sul. Tem mais de 4.700 km de extensão e passa por 12 Estados. Tem vários nomes: Rodovia Governador Mário Covas (oficial), Translitorânea ou Rodovia da Morte. Esse último ganhou popularidade por causa dos diversos trechos perigosos presentes nela.

O pedaço mais arriscado fica em Palhoça (Santa Catarina), entre os quilômetros 200 e 220. É um local urbano, onde ocorrem colisões laterais e traseiras, com frequência, em horários de pico. Sem falar nos casos de atropelamento.

Outro trecho perigoso fica em Serra (Espírito Santo), entre os quilômetros 260 e 270. A principal causa para a ocorrência de acidentes graves nesse ponto é a ausência de sinalização e passarelas. Nesse caso, os pedestres colocam-se em risco para atravessar a estrada, o que pode ser fatal.

BR-040

No sentido Belo Horizonte e Rio de Janeira, uma parte da BR-040 é bastante perigosa para caminhoneiros, pois não existe canteiro nem mureta para separar as pistas nos dois sentidos.

Além disso, essa rodovia também apesenta outro trecho crítico que passa pelo estado de Alagoas. Isso acontece por causa dos atrasos em obras de duplicação da estrada, o que exige bastante atenção dos motoristas quanto à baixa velocidade dos veículos, aumentando as chances de assaltos e roubos de carga. Não é recomendado trafegar nesse trecho no período da noite.

BR-116

A BR-116 é considerada a rodovia mais importante do Brasil, ela vai do Ceará até o Rio Grande do Sul. Passa por 10 Estados e recebe diversos nomes, sendo os mais conhecidos: Presidente Dutra (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e Rodovia Régis Bittencourt (de São Paulo a Curitiba).

Existem dois trechos perigosos nessa rodovia:

  • em São João do Meriti (Rio de Janeiro), entre os quilômetros 170 e 180;
  • em Taboão da Serra (São Paulo), entre os quilômetros 210 e 230.

Ambos são bastante movimentados, com grande tráfego de veículos de carga. O congestionamento e os casos de engavetamento são recorrentes. Vale atenção redobrada durante as viagens.

BR-381

A conhecida Rodovia Fernão Dias, muito usada como alternativa para as BR-1010 e BR-116, também apresenta pontos perigosos. Ela começa no município de São Mateus (Espírito Santo) e chega até o Estado de São Paulo. Por ser muito utilizada pelos motoristas, apresenta grande número de acidentes.

O trecho mais arriscado fica em Betim (Minas Gerais). Nele, o excesso de veículos pesados, o acostamento precário e o grande número de pedestres nas vias contribuem para uma segurança precária, elevando a probabilidade de óbitos por atropelamento.

BR-222

A BR-222 interliga Fortaleza (Ceará) e Marabá (Pará). Com quase 2.000 km de extensão, contém trechos bastante críticos no tocante à violência no trânsito. O ponto mais vulnerável é logo no início, nos primeiros quilômetros, devido ao congestionamento frequente, onde batidas entre veículos são constantes, causando vítimas fatais.

BR-316

Essa estrada parte de Belém (Pará) e vai até Maceió (Alagoas), cortando o norte e o nordeste do Brasil em sua diagonal. Assim como a BR-222, a BR-316 também é crítica no seu início, até o quilômetro 10, apresentando grande movimento de carros e caminhões, inclusive de pedestres e ciclistas pelos acostamentos.

A falta de passarelas e os bloqueios gerados por manifestações (protestos) populares prejudicam ainda mais a segurança de todos.

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Por Jeferson Sputnik Jornalista RTP 0021471/MG

Jornalista RTP 0021471/MG Radialista Social Media Mais de 100 milhões de acessos em 2022 Assessor parlamentar Câmara dos Deputados Brasília Sangue A Positivo