Pais e escolas desempenham papel fundamental na prevenção ao suicídio
Material é a terceira parte da série sobre Setembro Amarelo
Por: Elivan Alves, Jornalista
Os pais e a escola têm papel fundamental na prevenção não só da autolesão, como do suicídio. Como estão as coisas? Como podemos resolver juntos?
“Essa garota ela fez isso na sala de aula só que debaixo da carteira e o colega que estava atrás viu. Olha a importância de todos eles saberem que isso acontece, o porquê. O que o colega fez veio conversar comigo. E aí sim a gente pôde ajudar essa menina, ajudar essa família, que não sabia. Muitas vezes na minha experiência foram os professores que relataram.”
O relato sobre o caso de autolesão é da psicóloga orientadora Helena Maria Fernandes Machado, que trabalha em escolas de Santos, São Paulo, e reforça a importância do papel da escola junto à família em questões relacionadas à saúde mental dos jovens.
Estamos no setembro amarelo, com o lema: Se precisar, peça ajuda. E o mês pode ser utilizado como uma boa desculpa para tratar desse tema com os adolescentes. É o que sugere a psicóloga Karen Scavacini, fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.
“A gente pode fazer um debate de um filme, de uma série. Debate que eu digo uma conversa perguntando o que jovem achou. Se perceber algum tipo de sinal, chamar o jovem para a conversa.”
O psiquiatra Marcelo Kimati, assessor técnico no Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, alerta: não se deve medicalizar o problema da autolesão:
“Esse cuidado em relação a medicalizar o processo, procurar um profissional não médico como a primeira abordagem e manter sempre algum tipo de conexão com o adolescente que permita que ele se estresse e que você estimule a entender alguma relação entre esse sofrimento e a vida dele, em vez de procurar uma resposta mais simples e superficial e que não leva a muitos lugares que não à utilização de medicamento”.
Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, afirma que o fundamental é estabelecer uma relação de confiança, sem rotular o comportamento como loucura, por exemplo:
“Quando o jovem se sente autor da questão, ele dá abertura para que a gente possa ajudá-lo. Então o mais importante numa conversa com um jovem, um adolescente, não é resolver o problema, mas é estabelecer a ponte, uma relação de confiança.”
Em uma sociedade que olha muito para si mesmo, o jovem que não encontra escuta tende a buscar outras formas para lidar com a dor.
A parceria dos pais com a escola é mesmo fundamental?
“Professores são os grandes conhecedores dos jovens, dos adolescentes e das crianças. Se eles têm uma formação de saúde mental, conseguem entender melhor. São um dos agentes na nossa sociedade que podem contribuir muito para a prevenção de transtornos. Lógico, em contato com os pais.”
O Instituto Ame Sua Mente tem, por exemplo, o projeto Bússola para auxiliar os professores a lidar com problemas de Saúde Mental.
O Vita Alere também oferece diversas atividades que incluem atendimentos, cursos, consultorias e palestras.
O apoio psicológico às crianças e adolescentes nas escolas é também uma das pautas prioritárias nas ações desenvolvidas pelo Departamento de Saúde Mental, que foi criado nesta gestão do Ministério da Saúde.
A psicóloga Alda Ribeiro defende que a ajuda ao adolescente deve ser dada por alguém de confiança. A família tem de estar presente.
“Que ele possa buscar essa ajuda com quem ele tem confiança, que seja uma tia, tio ou os pais, ou o irmão mais velho. Essa pessoa de confiança tem que ser uma pessoa adulta para que ela possa encontrar um suporte seguro.”
Precisa de ajuda? Quer ajudar alguém? Anote ai: o Centro de Valorização da Vida no telefone 188 ou no site cvv.org.br. Procure os CAPS, Centros de Atenção Psicossocial, ou as Unidades Básicas de Saúde. Ou ainda, o site mapasaudemental.com.br que mostra o centro de apoio mais perto de você.
Mais informações no programa “Impacto Notícias”, a partir das 12Hrs. Acompanhe pelo link https://sputnikvozdopovo.com.br/sertafm e também pela SertaFM 101,5.
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