Uma história pouco contada: Massacre de Ipatinga (MG)
Em 7 de outubro de 1963, a Polícia Militar abriu fogo contra trabalhadores que protestavam na Usiminas
Massacre de Ipatinga foi um episódio de agressões e assassinato em massa acontecido no município brasileiro de Ipatinga, então distrito pertencente a Coronel Fabriciano, no interior do estado de Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963.
O fato consistiu em um atrito entre militares, então sob ordens do governador mineiro José de Magalhães Pinto, e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para sua jornada de trabalho.
Na noite anterior ao dia do massacre, os trabalhadores que saíram do turno da noite foram submetidos a uma forte revista, em que leite e alimentos não puderam ser levados para casa. A Polícia Militar havia descoberto recentemente planos de resistência e reuniões sindicais no distrito, que eram combatidas.
Revoltados com os fatos, operários se confrontaram contra a Cavalaria da Polícia após tentar dissolver uma aglomeração no alojamento Santa Mônica (atual bairro Horto) e somente com o intermédio de padre Avelino Marques, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, foi decidido que ao amanhecer haveria uma reunião entre a diretoria da Usiminas e representantes da polícia, do sindicato local e dos operários.
Na manhã do dia 7, cerca de seis mil trabalhadores em greve em frente à portaria da Usiminas aguardavam o término da reunião, na qual foi decidido que a Cavalaria da Polícia seria suspensa durante as investigações das agressões do dia anterior.
Ao mesmo tempo, soldados armados insistiam em permanecer no local e intimidavam os revoltosos, que passaram a repreendê-los com pedras e xingamentos.
No momento em que padre Avelino e Geraldo Ribeiro, presidente do sindicato, entravam em um carro para se encaminharem à multidão, dezenove policiais no alto de um caminhão puseram-se a disparar contra os operários, resultando oficialmente em oito mortos (inclusive uma criança no colo de sua mãe) e 79 feridos. Tais números, no entanto, são contestados.
Houve, nos meses seguintes, aumentos salariais, a substituição do quadro de vigilantes e a condenação dos soldados envolvidos em agressões e no massacre.
O Golpe de Estado no Brasil em 1964, no entanto, derrubava o então presidente João Goulart, dando início à ditadura militar. Isso culminou na prisão de sindicalistas e líderes de movimentos trabalhistas locais e na absolvição dos policiais envolvidos. Somente em 2004 foram pagas indenizações às famílias das vítimas e em 2013, com a instauração da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o caso voltou a ser investigado.
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