Fim do mundo? O que a Nasa já sabe sobre o “asteroide do apocalipse” da vez
Quem diria que o mundo não vai acabar em fogo nem em dilúvio, mas com um asteroide? É o que dizem sobre o Bennu, maior “candidato” a essa “vaga”. Ele volta e meia aparece nos tabloides britânicos com adjetivos como “assustador” e previsões como “colisão catastrófica”. Mas afinal, tirando esse drama, quais são os riscos reais dessa rocha nos explodir? Bem, a Nasa de fato classificou o asteroide Bennu —com seus 500 metros de diâmetro— como “potencialmente perigoso”, e existe uma chance real dele colidir com a Terra. Mas ela é uma em 2,7 mil hoje. Ainda assim, se rolar, seria entre os anos de 2175 e 2196.
A conta é dos especialistas em asteroides da Nasa, que provavelmente entendem melhor dessas coisas que os editores de jornais ingleses. Segundo projeções do Cneos, sigla em inglês para Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra, há 99,963% de chance do asteroide passar direto em vez de colidir com nosso planeta. Você tem mais chance de namorar um(a) milionário(a) do que ser varrido da existência pelo Bennu.
Ainda que o tal asteroide atinja a Terra, o impacto não seria tão grande quanto diz-se por aí na imprensa. Onde quer que Bennu caísse, haveria um certo estrago? Haveria. Mas, segundo cientistas, um asteroide teria de ter pelo menos um quilômetro de diâmetro para causar um impacto digno de filme. E Bennu não tem metade desse tamanho. Aquela história: é grande, mas não é dois. Ou seja, muito provavelmente parte do mundo se chatearia, para dizer o mínimo, mas não seria o dia em que nos livraríamos de pagar nossas contas porque fomos dizimados como os dinossauros. Mas tudo pode mudar, claro. Há “trocentas” variáveis em ação e imprevisíveis aqui. Por exemplo, a gravidade da Terra pode mudar a direção do asteroide. O chamado Efeito de Yarkovsky (pressão do calor do Sol distribuído desigualmente sobre o asteroide) também.
Meteoro da obsessão Na dúvida, a Nasa acha melhor pecar pelo excesso de cautela. Mesmo com o baixo risco atual, os astrônomos querem o tempo todo saber onde exatamente Bennu está. E os motivos vão além da ameaça à Terra: meteoros podem ser fontes de recursos como água e outros elementos, além de terem dados sobre o sistema solar que podem ajudar em outros avanços científicos. E Bennu é pequeno em termos apocalípticos, mas grande o bastante para ajudar nisso. Pensando assim, em 2016, a Nasa lançou a missão OSIRIS-REx para estudar o asteroide de perto. A nave chegou ao alvo em 2018, e desde então estuda a composição dele. A ideia, como já escrito, é tentar ver se há algo de novo sob o Sol no sentido científico, não-literal.
E claro, monitorar se os números não ficam desfavoráveis para o lado de um certo planeta azul. A expectativa é que a missão da Nasa produza trajetórias 60 vezes mais precisas que as atuais. Vá, Bennu Se o jogo virar, tranquilize-se: a Nasa já tem plano B, C e provavelmente outras letras para um caso de asteroide desgovernado.
Uma ideia é interceptar o pedregulho com uma nave. Em outras palavras, atropelar o asteroide. Outro plano envolve tentar destruí-lo no meio do caminho com um míssil. Ainda em estudo, há um projeto de pintar o asteroide para mudar o modo como ele absorve a radiação solar (o tal Efeito de Yarkovsky ali em cima). No fim, o mais provável é que o Bennu não cause grande estrago. Provavelmente a ameaça maior sejam outros asteroides fora do radar. Ou os tabloides britânicos.
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