Padre Cícero: Reconhecido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria
O nome de Cícero Romão Batista, conhecido carinhosamente como Padre Cícero, entra para a história do Brasil ao ser inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Essa honra foi concedida através da lei 14.693/2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira.
Padre Cícero é amplamente reconhecido como um santo popular, principalmente no Nordeste, onde sua devoção é profunda, mesmo antes de sua canonização pela Igreja Católica. Seu legado é marcado por um incansável trabalho de difusão da doutrina, aconselhamentos e sermões que arrebatavam multidões no interior do Ceará.
Nascido em 24 de março de 1844, na cidade de Crato, Padre Cícero fez um voto de castidade aos 12 anos de idade, após ler sobre a vida de São Francisco de Sales, um santo francês do século dezessete. Aos 26 anos, ele foi ordenado padre, após iniciar seus estudos religiosos em Cajazeiras, na Paraíba, e cursar o seminário da Prainha, em Fortaleza. Fixou residência em Juazeiro do Norte aos 28 anos, quando foi designado vigário e logo conquistou a simpatia do povo.
Em 1889, um evento notável ocorreu: uma hóstia, durante a comunhão geral na Capela de Nossa Senhora das Dores, supostamente se transformou em sangue, sendo considerado o primeiro milagre atribuído a Padre Cícero. Outros relatos de fenômenos semelhantes atraíram peregrinos católicos a Juazeiro do Norte, levando a Igreja Católica a investigar os eventos.
Após diferentes pareceres, a igreja determinou que não havia ocorrido um milagre, e as ordens sacerdotais de Padre Cícero foram suspensas. Em 1898, Padre Cícero apelou ao Vaticano para reverter a pena, mas essa decisão foi mantida.
Afastado da igreja, o religioso tornou-se prefeito de Juazeiro do Norte, foi eleito deputado federal e até chegou a ser vice-governador do Ceará. Ele faleceu em 20 de julho de 1934, aos 90 anos, e as romarias a Juazeiro em devoção a Padre Cícero só cresceram.
Padre Cícero foi canonizado pela Igreja Católica Apostólica Brasileira em 1973, com base na devoção dos nordestinos a ele e aos milagres atribuídos por seus seguidores. O processo de beatificação pela Cúria Romana começou apenas em junho de 2022, quando o santo popular foi beatificado.
Com a lei sancionada hoje, Padre Cícero é imortalizado como mais um Herói da Pátria. Seu nome agora está registrado no Livro de Aço, abrigado no Panteão da Pátria, em Brasília, ao lado de outros nomes notáveis como Chico Xavier, Irmã Dulce e Zumbi dos Palmares. No total, 66 Heróis e Heroínas da Pátria são reconhecidos por suas contribuições para um Brasil melhor.
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