Imunização injetável contra pólio vai substituir vacina da ‘gotinha’
Novas evidências científicas indicam que esse é um esquema mais eficaz
Por: Elivan Alves, Jornalista
Foi graças à gotinha que o Brasil conseguiu erradicar a poliomielite. A vacinação oral facilitou a imunização em massa num curto período de tempo, contribuindo pro sucesso das grandes campanhas contra a pólio desde os anos 70. Depois de tanto serviço prestado, chegou a hora dela se aposentar. Atualmente, as crianças brasileiras recebem três doses da vacina injetável, aos 2, 4 e 6 meses de idade. E a gotinha é dada como reforço aos 15 meses e aos 4 anos. Mas a partir do ano que vem, os brasileirinhos serão imunizados apenas via seringa, já que as novas evidências científicas indicam que esse é um esquema mais eficaz e seguro. Quem explica é a presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil, Luíza Helena Falleiros Arlant.
A mudança demonstra uma característica muito importante do Programa Nacional de Imunizações: a sua atualização constante. Em 1977, o PNI instituiu o seu primeiro calendário básico com apenas 6 vacinas: contra tuberculose, sarampo, difteria, tétano, coqueluche e pólio. Hoje, são oferecidas 16 vacinas infantis, 6 para adolescentes, 3 para gestantes e 4 para adultos e idosos. De acordo com o coordenador do programa, Eder Gatti, novas inclusões são avaliadas constantemente.
Uma das prioridades neste momento é a vacina contra a dengue, doença que só este ano registrou mais de 1 milhão de casos e de 600 mortes no Brasil. Em março, a Anvisa concedeu registro para a vacina QDenga, criada pela farmacêutica japonesa Takeda. E o Ministério da Saúde espera firmar um acordo com transferência de tecnologia para que ela seja produzida pela Fiocruz.
Mas especialistas chamam a atenção também para outras doenças graves com vacinas disponíveis, como o vírus sincicial respiratório, que causa infecção nas vias respiratórias, especialmente em crianças pequenas. A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Balallai defende essa e outras inclusões.
Além disso, alguns pesquisadores avaliam que o calendário básico poderia ter um número maior de vacinas combinadas. Como uma mesma aplicação protege contra várias doenças, seriam necessárias menos idas aos postos, o que poderia contribuir para o aumento das coberturas.
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