Dia Internacional das Mulheres: a evolução feminina na educação
Série especial narra conquistas e direitos em diferentes áreas
Estudar, trabalhar e administrar o próprio dinheiro. Ser livre para praticar qualquer esporte. E contar com equipamentos públicos especializados de proteção social. Esses são alguns direitos que foram conquistados pelas mulheres ao longo do tempo, desafiando as limitações impostas por leis e costumes. No Brasil, até 1827, as mulheres não podiam estudar sem permissão dos maridos. O acesso à faculdade só foi liberado em 1879.
De acordo com a pesquisadora e coordenadora executiva adjunta da ONG Ação Educativa, Ednéia Gonçalves, historicamente, o sistema educacional brasileiro foi construído para a manutenção de privilégios, principalmente dos homens, deixando as mulheres de fora da produção de conhecimento por muito tempo e, apesar dos avanços, Edneia Gonçalves lembra que ainda há grandes desafios.
“A gente ainda vê como um espaço de conquistas, principalmente, para as mulheres pretas, principalmente, para as mulheres indígenas. As mulheres não-brancas tem ainda desafios maiores. Essa interseccionalidade é construída a partir desse lugar, do homem liberando, do homem concedendo, a possibilidade das mulheres exercerem o que sempre lhes foi negado; mas que é o nosso direito de disseminar a nossa visão de mundo, disseminar a nossa possibilidade de construir ciência e inovação a partir do que a gente, com certeza, com muita competência, tem assimilado e tem construído ao longo dos anos.”
Para a coordenadora executiva da Ação Educativa, Ednéia Gonçalves, questões que pareciam estar superadas ainda persistem como o trabalho doméstico, que impede as meninas de avançarem nos estudos. Além disso, conciliar maternidade com formação acadêmica também exige ações de acolhimento nas instituições de ensino e perpassa pela educação dos homens como destaca a educadora.
“Você está trabalhando, você está construindo carreiras, construindo possibilidades de socialização, mas você é uma mãe, você é uma lactante, então você tem o direito de ser acolhida pela cidade nas diferentes dimensões do que é o maternar. E aí entra uma outra questão que é a parentalidade também. Qual é o lugar dos homens nessa discussão e que tipo de formação nós temos dado a esse rapaz, a esse pai, pra que ele possa tratar essas questões como dele?”.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2019, sobre o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado a escola, 23,8% das mulheres citaram a gravidez e 11,5% apontaram precisar cuidar de pessoas ou de afazeres domésticos. E, mesmo diante dessas dificuldades, dados do IBGE mostram que as mulheres representam hoje a maioria no ensino superior no Brasil, mas ainda são minoria em cursos de exatas.
Esta é a primeira reportagem da série especial da Radioagência Nacional que conta as conquistas femininas por direitos no Brasil, em diferentes áreas da vida, como trabalho, educação e proteção social. As reportagens serão publicadas de 06 a 10 de março de 2023, semana do Dia Internacional da Mulher.
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