Máscaras, vacinas, transmissão: como as novas variantes influenciam nos protocolos
Após um ano do início da pandemia, novas formas do coronavírus têm chamado a atenção de cientistas do mundo todo. Isso porque estudos inicias indicam que as cepas identificadas no Brasil e em países como Reino Unido e África do Sul podem ser mais transmissíveis e têm capacidade de driblarem o sistema imune e causar reinfecção. Para esclarecer sobre como as novas variantes influenciam nos protocolos, buscamos informações passadas pelo infectologista e professor do Departamento de Clínica da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí Tupinambás.
As máscaras de pano protegem contra as novas variantes ou é preciso usar máscara hospitalar?
De acordo com o professor Unaí Tupinambás, as máscaras caseiras protegem contra as novas variantes, mas precisam ser readequadas: “temos que fazer máscaras caseiras de três camadas ou usar duas máscaras de duas camadas”, afirma. Alguns estudos mostram que uma máscara caseira bem ajustada ao rosto, acima do nariz e abaixo do queixo, protege igual uma máscara médica hospitalar. Por isso, não há necessidade de utilizar máscaras hospitalares, desde que as caseiras sejam reforçadas com mais panos.
Tupinambás alerta que outros cuidados também devem ser observados quanto ao uso das máscaras como a troca da proteção a cada duas horas ou sempre que estiver úmida e mantê-la acima do nariz. “É preciso ficar atento ao uso da máscara, que é importante aliado. Junto a medidas como evitar aglomeração, manter o distanciamento de dois em dois metros e lavar sempre as mãos, a proteção é próxima a 100%”, destaca.
Quais os cuidados para não contrair as novas variantes?
“O cuidado geralmente é o mesmo, tenho dito que essa variante não tem capacidade de fazer aglomeração, de fazer uma festa clandestina, de tirar a máscara do nosso rosto, de nos deixar aglomerados, mas tem capacidade mais fácil de transmissão, seu eu precisava de 100 vírus para infectar, basta 10 vírus. Exemplo bem para nosso ouvinte entender. Portanto, acho que temos que manter aqueles cuidados, de uso da máscara, evitar aglomerações, manter distanciamento de dois em dois metros”, afirma Unaí Tupinambás.
As variantes são mais transmissíveis?
O surgimento de novas variantes já eram esperados, uma vez que é da natureza do RNA vírus sofrer mutação. No entanto, quanto mais o vírus se multiplica, mais mutações ele vai acumulando. Ou seja, quanto mais pessoas infectadas, mais chances de surgirem novas variantes. E ao que tudo indica, elas podem ser mais transmissíveis.
“Nessas mutações que ocorreram na primeira variante no Reino Unido a gente já sabia que facilitava a transmissão, o que aconteceu agora, em 10 março, saiu artigo no periódico científico British Medical Journal dando conta que infelizmente essa nova variante é mais letal que o vírus original”, destaca o infectologista.
Outro estudo publicado na revista Science, em 3 de março, indica que a variante britânica batizada de B.1.1.7, tem entre 43% e 90% maior risco de contágio. Além disso, estudos inicias publicados na modalidade preprint indicam que a variante P.1 do coronavírus, identificada pela primeira vez em Manaus, também é mais transmissível.
A nova variante pode causar reinfecção?
O professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí Tupinambás, comenta que o artigo publicado na British Medical Journal sobre a nova variante britânica indica que ela tem outras mutações que podem escapar da resposta imune e causar reinfecção. “Mas a gente acredita que essa reinfecção seja mais branda”, acrescenta.
Mesmo sendo mais branda, é preciso manter os cuidados. Isso porque uma pessoa que se reinfectou pode passar o vírus para outra que nunca foi infectada. Com isso, essa pessoa pode apresentar sintomas mais graves.
As vacinas são eficazes contra as variantes?
“Felizmente, os dados que estamos acumulando das vacinas é que elas estão funcionando ainda, mas é uma preocupação importante que temos quanto a isso. Acreditamos que vai funcionar sim, protegendo da forma grave, e isso é uma ótima notícia. Mas uma outra questão é que talvez no próximo ano as vacinas vão precisar de serem adaptadas, como sempre foi com a vacina da Influenza. Talvez elas tenham que mudar a cada ano ou a cada par de ano, mas isso não ver tão complicado”, explica o professor.
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