Tensão e Acusações em Uruana de Minas: Votação de Contas de Ex-Prefeita Gera Tumulto em Câmara Municipal e Acidente

Cidade conhecida por belezas naturais e eventos ufológicos agora é palco de embate político. Contas de Tânia Menezes (gestão 2023) rejeitadas por 6 votos a 3 após votação secreta no segundo turno; ex-prefeita acusa perseguição e denuncia ausência de direito à defesa. Incidente com bicicleta e acusação de invasão de plenário levam caso à polícia.

URUANA DE MINAS, MG – Uruana de Minas, município que recentemente ganhou destaque nacional e até internacional por um evento ufológico e é abençoado por belezas naturais como a Cachoeira da Jiboia, de mais de 144 metros, e outras quedas d’água, viu-se no centro de uma intensa polêmica política nesta última segunda-feira (9). Uma reunião ordinária da Câmara Municipal, que rejeitou as contas do Poder Executivo referentes à gestão de 2023 da ex-prefeita Tânia Menezes, culminou em acusações de invasão do plenário, uso indevido da tribuna e até um incidente de trânsito.

A votação das contas da ex-prefeita, que ocorreu por maioria de 6 votos contrários e 3 favoráveis no segundo turno, gerou grande repercussão. Segundo o presidente da Câmara, Deco de Aurélio (SDD) que conversou por telefone com o jornalista Jeferson Sputnik enquanto estava em trânsito em Unaí, a ex-prefeita teria tentado invadir a reunião e feito uso da tribuna sem autorização. O ápice da tensão foi quando, na saída do local, a ex-prefeita teria colidido com a bicicleta de um servidor da Casa Legislativa.

A Versão da Câmara: Contas Rejeitadas e Tumulto no Plenário

O presidente da Câmara e o relato enviado ao Sputnik afirmam que a rejeição das contas de 2023 se baseou em um parecer técnico que apontou “graves irregularidades na condução das finanças públicas”. A sessão, segundo a narrativa do lado legislativo, escancarou um “marco no novo tempo que a cidade vive”.

Inconformada com o resultado, a ex-prefeita teria tentado invadir o plenário, recusando-se a sair mesmo após o pedido firme e sereno do presidente para que se retirasse, explicando que não era o momento para pronunciamentos sem autorização. Diante do impasse, os vereadores e a população presente deixaram o plenário, “deixando a ex-prefeita literalmente falando sozinha”.

O relato ainda menciona que, em sua justificativa, a ex-prefeita teria declarado “quem construiu essa Câmara foi o nosso grupo político”, frase interpretada como um ato de apropriação. Após a sessão, a ex-prefeita teria saído “visivelmente alterada” e dirigido de forma imprudente, atropelando a bicicleta de um servidor da Câmara. O caso foi considerado grave e os parlamentares procuraram a Polícia Militar para registrar uma ocorrência formal.

A Defesa da Ex-Prefeita Tânia Menezes: Perseguição Política e Voto Secreto Suspeito

Em nota enviada ao jornalista Jeferson Sputnik, a ex-prefeita Tania Meses agradeceu a oportunidade de se manifestar e apresentou sua versão dos fatos, acusando uma “perseguição com o intuito de me deixar inelegível”.

Tania esclareceu que a prestação de contas de sua gestão de 2023 foi primeiramente aprovada pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e, em seguida, encaminhada à Câmara Municipal. Segundo ela, no primeiro turno da votação, há cerca de 15 dias, as contas foram “aprovadas pelos 9 vereadores”, com parecer jurídico da Câmara favorável, por não caracterizar nenhum dano ao município, mesmo com uma pequena ressalva.

A surpresa, segundo a ex-prefeita, veio no segundo turno, quando “seis vereadores mudaram de ideia. Sem motivação técnica.” Ela questiona a instituição do voto secreto pela presidência no segundo turno, sugerindo “coação política”. A votação sigilosa resultou na reprovação por 6 votos contra e 3 a favor, o que Tania classifica como um “ato suspeito” e uma “covardia”.

Sobre o uso da tribuna, a ex-prefeita afirma que o fez “após o final da reunião”, alegando que a tribuna é livre para o povo ter acesso à Casa de Leis após o encerramento das sessões. Ela diz não se preocupar com possíveis processos por “falta de respeito”, pois a população também quer respeito.

Tânia Menezes defende que não agiu por emoção e que seu questionamento à atitude dos vereadores da base da administração atual era um direito, já que não houve notificação para sua defesa antes da votação. “Ninguém pode ser julgado sem ter acesso a defesa”, pontuou. Ela acusa que a política da cidade está sendo definida por pressão e que a democracia deve prevalecer.

Sobre as notícias em redes sociais que, segundo ela, “deixam em dúvida vários cidadãos” e “fazem relato de uma parte só, sem grande conhecimento”, Tânia Menezes reforça que a verdade está em seu relato. A ex-prefeita finaliza reafirmando seu respeito pela população de Uruana e pelos vereadores que votaram a favor da aprovação, e garante que a reprovação não a prejudica, pois o caso será levado ao poder judiciário para avaliação. Ela também enfatiza que não tem anseios de candidatura e que política não é sua profissão, dedicando-se à sua área de Educação e Gestão pública.

O Incidente com a Bicicleta e o Registro Policial

O jornalista Jeferson Sputnik também conversou com o proprietário da bicicleta, que registrou um Boletim de Ocorrência sobre o incidente. As informações do BO, que acompanham os relatos, confirmam a colisão e os danos à bicicleta de um servidor, um detalhe que adiciona um componente policial ao embate político.

A situação em Uruana de Minas, que une belezas naturais, mistérios ufológicos e agora um fervoroso debate político, promete continuar nas páginas de notícias e nas redes sociais, enquanto a cidade tenta conciliar suas diferentes realidades.

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