Especialista analisa os desafios do governo Lula na área do meio ambiente
Saville Alves, reconhecida como uma das vinte mulheres inovadoras nas Agtechs pela Forbes Brasil, traça panoramas da nova gestão presidencial.
Eleito com 60.345.999 milhões de votos, o futuro presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, assume 2023 com importantes desafios firmados para os próximos quatro anos, principalmente nas áreas da saúde, economia, educação, segurança pública e meio ambiente.
Um dos primeiros compromissos na agenda de Lula, é a presença na COP27, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece no Egito no próximo domingo, 6, e se estende até o dia 18, abordando a importância da questão climática.
Apesar de pouco detalhamento em suas propostas, o candidato eleito figurou entre os ‘mais verdes’ na corrida presidencial, apontando estratégias para fiscalização e punição de criminosos ambientais, regularização de terras, controle sobre o desmatamento e mineração ilegal, além do investimento em ciência nas áreas da agricultura de baixo carbono e energias renováveis.
Para a Sócia Co-Fundadora da SOLOS, Saville Alves, há uma problemática como ponto inicial do governo. “Entendo que logo no início do mandato o Presidente Lula vai precisar trabalhar para gerar uma percepção de normalidade e harmonia, tanto na perspectiva interna (cidadão brasileiro), quanto da internacional, e ambas se retroalimentam. Por isso, o tema da conservação dos biomas, com destaque para a Amazônia, por meio da diminuição das queimadas e das invasões e desapropriações de terras indígenas, será uma importante agenda para estabelecer diálogo com outros países e garantir a entrada de investimentos no país”, aponta.
Em sua ‘Carta Para o Brasil de Amanhã’, Lula promete um governo que combine responsabilidade fiscal, social e compromisso com o desenvolvimento sustentável, detalhando propostas tributárias importantes.
“Um exemplo de oportunidade interna decorrente dessa política é a cadeia da reciclagem. A partir da desoneração das recicladoras, da criação de um programa nacional de empregabilidade do catador e da aceleração da obrigatoriedade de os municípios implementarem as tarifas de coleta (com incentivo para diminuir impostos de quem recicla) é possível trazer o Brasil com destaque na economia circular. O lixo é uma fonte potente de riqueza e pode se tornar uma solução como matéria-prima”, destaca Saville, reconhecida como uma das vinte mulheres inovadoras nas Agtechs pela Forbes Brasil.
Com a vista de possíveis desafios perante um Congresso conservador, a gestão do novo presidente foi apontada pelo correspondente da Reuters, o repórter Jake Spring, como um Green New Deal, numa alusão às ambições do Partido Democrata, nos Estados Unidos.
“Lula tem se mostrado com uma excelente articulação com Joe Biden, presidente dos EUA, e Emanuel Macron, presidente da França, no que tange uma política para economia verde, inclusive durante a campanha ele trouxe a perspectiva de reforma tributária com foco em desonerar cadeias ligadas a ecologia e aumentar tributos das indústrias mais poluidoras. A carga tributária é um elemento decisivo para que os negócios prosperem no país; vemos quantas empresas entram no Brasil ou em alguns polos, como a Zona Franca de Manaus, por conta da baixa ou isenta tributação. Esse é um grande estímulo”, analisa Saville.
Repleto de políticas ambiciosas, o novo governo promete retomar o protagonismo frente à crise climática, e ao desenvolvimento sustentável, afirmando, inclusive, estar aberto à cooperação internacional. “O próprio governo da Dinamarca, principal investidor da Amazônia, já sinalizou que vai voltar a liberar recursos durante o governo Lula. A Amazônia é uma importante porta de entrada para capital estrangeiro, mas ela não é a única oportunidade. A matriz energética do Brasil, com foco em eólica e solar, também faz o país ser competitivo tanto para fornecedor para o exterior, quanto para mudar radicalmente os padrões de consumo dos cidadãos, inclusive barateando o custo de aquisição”, sinaliza a especialista.
Sob o olhar de lideranças mundiais, os desafios, erros e acertos do governo Lula nos próximos quatro anos, provocarão impacto em escala global, servindo de exemplo a ser seguido quanto ao seu desenvolvimento e transformação, ou amplamente questionado e negativado visto seu desserviço.
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