MPF recorre contra redução de pena de condenado pela chacina de Unaí
O Ministério Público Federal entrou com recurso contra a redução da pena do fazendeiro e ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, condenado pela segunda vez como mandante da chacina de Unaí em julgamento concluído na última sexta-feira na Justiça Federal em Belo Horizonte.
Ele foi condenado por quádruplo homicídio triplamente qualificado. Esse é o mesmo veredicto do primeiro julgamento, ocorrido em novembro de 2015, quando ele e o irmão, Norberto Mânica, foram condenados a 100 anos de prisão. Porém, dessa vez, a juíza federal Raquel Vasconcelos Alves de Lima arbitrou a pena em 64 anos. Segundo a procuradora Miriam Moreira Lima, a juíza desconsiderou as qualificadoras e, por isso, o MPF vai recorrer.
Mânica teve direito a um novo julgamento porque em 2018 conseguiu a anulação do primeiro no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Por dois votos a um, os desembargadores entenderam que não havia provas suficientes para afirmar que Antério teria dado a ordem para o assassinato dos quatro servidores do Ministério do Trabalho. Além disso, no mesmo ano, Norberto assinou uma carta de confissão onde assumiu a toda a culpa pelo crime e isentava o irmão de responsabilidade.
Porém, segundo a procuradora há, sim, conjunto probatório suficiente para condenação. Os advogados de defesa de Antério Mânica não concederam entrevista ao sair do tribunal, mas segundo os promotores, eles também já apresentaram recurso da sentença.
Apesar de ter sido condenado a regime fechado, o fazendeiro teve o direito de recorrer em liberdade.
A chacina de Unaí aconteceu no dia 28 de Janeiro de 2004. Quando partiam para uma fiscalização contra o trabalho escravo em fazendas da região, os auditores-fiscais Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram emboscados e assassinados a tiros. Além de Antério e Norberto Mânica, também foram condenados como intermediários do crime Hugo Pimenta Alves e José Alberto de Castro. Os quatro estão livres, aguardando o recurso.
Já os pistoleiros Rogério Alan, condenado 94 anos, Erinaldo Silva, que pegou 76 anos, e William Gomes, sentenciado a 96 anos de prisão em julgamento que aconteceu em 2013, continuam presos.
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