Sinarco Engenharia de João Pinheiro Sob a Lupa: Contratos de R$ 119 Milhões com a Prefeitura do Recife Geram Investigação Nacional
Empresa do Noroeste Mineiro, é alvo de MPF e TCE-PE por acordos milionários sem licitação própria e subcontratações questionáveis, reacendendo debates sobre transparência na gestão pública.
João Pinheiro, MG – Uma construtora sediada em João Pinheiro, no Noroeste de Minas Gerais, a Sinarco Engenharia, está no centro de uma complexa investigação que se estende por estados e pode abalar os alicerces de contratos milionários. O Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) colocaram a Sinarco sob o microscópio por suspeitas de irregularidades em acordos que somam R$ 119 milhões com a Prefeitura do Recife, na gestão do prefeito João Campos (PSB). A informação, revelada pelo UOL na última quinta-feira (29/05/2025), projeta a empresa pinheirense no cenário do noticiário nacional.
A Sinarco, de propriedade do empresário Cristiano Mendonça de Novaes, foi contratada desde 2022 para serviços de manutenção em escolas e unidades de saúde da capital pernambucana. O ponto que levanta os maiores questionamentos é o fato de a empresa, baseada em Minas Gerais, não possuir sede ou equipe no Recife, o que já acende um alerta sobre a capacidade de execução dos serviços. Grande parte do vultoso montante contratado está ligada às secretarias de Educação e Saúde.
Adesão a Atas e Subcontratações: O Nó da Questão
A apuração do UOL indica que a maioria dos contratos não passou por licitação própria, mas sim por adesão a atas de registro de preços oriundas de consórcios mineiros, como a AMMESF (Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco) e o Codanorte (Consórcio Intermunicipal do Norte de Minas). Embora a prática de adesão a atas seja legal em certas circunstâncias, o Ministério Público de Contas a considera questionável, especialmente quando envolve empresas e consórcios de outros estados, levantando dúvidas sobre a pertinência e a vantagem para o município contratante.
A complexidade do caso se aprofunda com a revelação de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP) entre a Sinarco e a Alca Engenharia. Por meio dessa parceria, a Sinarco teria repassado 73% da execução dos serviços para a Alca. No entanto, o MPF investiga além: há indícios de que documentos de obra, como boletins de medição, teriam sido assinados por representantes da Alca e de outra empresa, a Max Construções, que possui vínculos diretos com Carlos Augusto Góes Muniz, também mencionado na reportagem. Essas subcontratações e as relações entre as empresas são pontos cruciais da investigação.
Suspeitas que Vão Além: Pagamentos Duplicados e Falta de Clareza
As suspeitas do MPF não se limitam à formalidade das contratações. O órgão investiga possíveis pagamentos duplicados, a execução de serviços por empresas diferentes das contratadas e a falta de clareza sobre o que foi de fato realizado em cada local. Há, inclusive, indícios de pagamentos por obras em locais que ainda estavam em construção, o que, se comprovado, configuraria grave irregularidade e desvio de recursos públicos.
Em suas defesas, a Prefeitura do Recife afirmou que todas as contratações seguiram a legalidade, visando eficiência e economia. A Sinarco, por sua vez, defendeu a legalidade da subcontratação e a conformidade com as exigências dos editais. A Alca Engenharia também se pronunciou, garantindo sua experiência na área e a ausência de irregularidades em suas atuações.
Histórico de Sanções e o Futuro da Sinarco
Não é a primeira vez que a Sinarco Engenharia enfrenta escrutínio. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a empresa já havia sido penalizada com a suspensão temporária de contratos com o poder público em Minas, devido a atrasos na entrega de obras e problemas de documentação. Essa sanção, que durou até março de 2024, adiciona um elemento ao histórico da construtora.
A investigação em curso, que também envolve o ex-secretário de governo de Recife, João Guilherme Ferraz — citado como advogado do grupo de empresas —, promete ser extensa e pode ter sérias repercussões para a Sinarco. O caso levanta a questão fundamental da transparência e da fiscalização em contratos públicos, especialmente quando envolvem empresas de fora do estado e cadeias complexas de subcontratação. Em um cenário de crescentes demandas por probidade na gestão, a lupa sobre os R$ 119 milhões da Sinarco no Recife serve como um lembrete contundente: a fiscalização é contínua e a prestação de contas é inadiável.
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