Morte com infecção por “Fungo Negro” de paciente com Covid-19 é investigada no Brasil
Idoso morre com suspeita de infecção por mucormicose, o fungo negro, em Campo Grande
Um idoso de 71 anos com suspeita de infecção por mucormicose, o “fungo negro”, morreu em Campo Grande (MS) na última quinta-feira (2). Ele estava hospitalizado desde que testou positivo para coronavírus, em 18 de maio, e era observado pelo serviço de Saúde local.
O idoso respirava com ajuda de ventilação mecânica e o estado de saúde era grave. Ele também tinha diabetes e hipertensão arterial.
O boletim de saúde do idoso informava que que ele havia apresentado mucormicose no olho esquerdo, com ferida intensa na região da pálpebra e ‘’lesão necrótica superior poupando a borda, apresentando quemose conjuntival sanguinolenta e úlcera corneana’’.
Um caso da mesma doença é investigado em Joinville, no Norte de Santa Catarina.
Esta situação já estava sendo acompanhada pela equipe da Vigilância em Saúde da Prefeitura de Joinville, desde que foi cogitada a hipótese do diagnóstico.
Caso suspeito em SC
O caso provável de um paciente pós-covid com fungo mucormicose é acompanhado em Joinville com preocupação. Os principais fatores que levam à uma cuidadosa vigilância do caso são os altos números de pacientes covid e pós-covid que diagnosticados com o fungo na Índia, além da busca por possível correlação com a Covid-19.
Os estudos sobre essa possível correlação ainda estão sendo realizados a nível mundial, e, por isso, a orientação é que o problema seja notificado quando acontecer. Acredita-se que a vulnerabilidade de pacientes que tiveram a Covid-19 pode favorecer a infecção.
Na Índia, médicos percebem um crescimento vertiginoso de casos. A situação tem levado à mutilação de pacientes, além de ter acometido quase nove mil pacientes com Covid no país.
O que é a mucormicose
O termo fungo negro é popularmente utilizado para se referir à mucormicose, uma infecção causada por um fungo da classe Zygomycetes e ordem Mucorales. É considerada uma infecção fúngica grave e rara, originária de microrganismos que vivem em diversos ambientes, particularmente no solo com matéria orgânica em decomposição, como folhas, adubo ou madeira.
A mucormicose é contraída por pessoas que entram em contato com os esporos fúngicos. Indivíduos diabéticos, com doenças oncohematológicas ou que utilizam medicamentos imunossupressores são mais suscetíveis à contaminação.
Há cinco formas possíveis da manifestação da doença: sinusal/cerebral, pulmonar, gastrointestinal, cutânea ou disseminada. Os sintomas mais comuns são dores súbitas, que evoluem para lesões localizadas.
Em casos graves, a mucormicose pode evoluir para coma e óbito. A infecção, que geralmente se manifesta na pele, pode espalhar-se para outras partes do corpo.
Geralmente, o tratamento é realizado com intervenção cirúrgica para remover os tecidos infectados ou mortos. Em alguns pacientes, a evolução da doença pode resultar na retirada de parte da mandíbula ou do olho.
Também há tratamento medicamentoso, que pode envolver um período entre quatro e seis semanas de terapia antifúngica intravenosa, dependendo do quadro clínico do paciente.
Em nível mundial, estudos estão sendo realizados para verificar possíveis relações entre a mucormicose e pacientes com Covid-19, especialmente os que apresentam comorbidades e quadros imunodreprimidos.
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