Rachadinha do Flávio Bolsonaro: MP diz que lavar dinheiro na loja Kopenhagen “não foi sábio”
A franquia de chocolates finos que tem Flávio Bolsonaro como sócio foi alvo da ação do MP que investiga o suposto esquema de corrupção que envolveria o filho do presidente e seus assessores
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou, no pedido de busca e apreensão realizado nesta quinta-feira (18) em endereços ligados a ex-assessores de Flávio Bolsonaro, incluindo Fabrício Queiroz, que os envolvidos no suposto esquema de corrupção liderado pelo filho do presidente “não fizeram uma escolha sábia” ao lavarem dinheiro em uma franquia da loja de chocolates finos Kopenhagen.
A unidade localizada no Via Parque Shopping, na Barra da Tijuca, tem Flávio Bolsonaro como sócio e, segundo o MP, foi utilizada para lavar dinheiro obtido de maneira ilícita através das rachadinhas – prática ilegal de repasse de salários de assessores – que ocorreriam no gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Na investigação, os promotores apontam que o filho do presidente não tinha lastro financeiro para justificar o investimento feito na loja Kopenhagen. Segundo o MP, a escolha de Flávio em usar a loja para lavar dinheiro não foi sábia pois os contratos de locação em lojas de shopping preveem auditorias sobre o faturamento bruto.
“Portanto, apesar das inconsistências detectadas nas declarações apresentadas pela Bolsotini Chocolates e Café LTDA à Receita Federal, existe uma fonte extremamente confiável de apuração dos reais valores dos faturamentos mensais da empresa, qual seja, a administração do shopping, que exerce essa fiscalização e possui arquivadas todas as informações de faturamento da loja, tanto os valores declarados pelos administrados quanto os valores corrigidos pelas auditorias realizadas in loco”, diz o MP-RJ.
Repasses do PM
O policial militar Diego de Sodré de Castro Ambrósio aparece no relatório do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre esquema de rachadinhas. Ambrósio quitou boletos bancários em nome da esposa de Flávio, fez transferências bancárias para assessores do então deputado estadual e repassou receitas para a loja da Kopenhagen que Flávio é sócio.
“O pagamento do título pelo PM se mostra ainda mais suspeito quando a análise dos extratos bancários dos assessores de Flavio Bolsonaro revela que, no mesmo ano de 2016, o cabo Ambrósio efetuou transferências bancárias identificadas a pelo menos dois assessores da Alerj: Fernando Nascimento Pessoa e Marcos Freitas Domingos”, diz o texto do MP.
A defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar as investigações do Ministério Público sobre suposto esquema de corrupção em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Protocolado um dia depois de cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar, o habeas corpus (HC) se insurge contra decisão proferida pelo ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que em junho rejeitou a suspensão das apurações.
Em seu despacho de 21 de junho, Fischer escreveu não vislumbrar o constrangimento ilegal, alegado pela defesa do senador, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro. Para o ministro, a investigação é “lícita” e as movimentações bancárias suspeitas de fato são indícios da prática de lavagem de dinheiro.
No Supremo, o HC foi distribuído ao ministro Gilmar Mendes. Se o ministro não deliberar até as 23h59 desta quinta-feira, o processo será redistribuído ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli – é ele o responsável pelas decisões urgentes durante o recesso do Judiciário, que se inicia nesta sexta-feira.
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