Conheça o medicamento que pode acelerar a cura da malária
SUS está em processo de incorporação da tafenoquina para todo o país
Um estudo brasileiro vem testando o medicamento tafenoquina, responsável por encurtar o período de tratamento da malária, resultando não só numa cura mais rápida, mas também diminuindo a chance de recaídas.
A tafenoquina é uma droga do mesmo grupo químico da primaquina, que é um dos medicamentos utilizados em larga escala no Brasil no combate à malária. A pesquisa, apelidada de “Estudo Trust”, é uma parceria entre pesquisadores brasileiros, a farmacêutica que produz o medicamento e uma ONG internacional que apoia estudos de novos medicamentos para a malária.
Segundo o “Estudo Trust”, a principal diferença entre as duas drogas é que a tafenoquina é oferecida em dose única, eliminando o protozoário causador da malária completamente do organismo, enquanto a primaquina requer um protocolo diário de ingestão de comprimidos, variando de 7 a 14 dias para conseguir eliminar o protozoário causador da doença.
No caso do tratamento com primaquina, durante esse período ele fica dormente no fígado por dias, e é responsável pela recaída da malária vivax, que é o tipo mais comum no país. Também por causa desse maior intervalo de administração da primaquina, muitas pessoas abandonam o tratamento, sendo um segundo fator para recaídas.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), órgão do Ministério da Saúde, já havia aprovado o uso preliminar de tafenoquina para o tratamento de malária vivax em Manaus e Porto Velho. Mais de 40 unidades de saúde de diagnóstico de malária fizeram uso da droga nas duas cidades, como explica Marcus Lacerda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas (Fiocruz-AM) e um dos responsáveis pelo estudo.
“O estudo Trust foi articulado junto com o Ministério da Saúde há vários anos. No ano passado, a gente conseguiu usar a tafenoquina numa situação de vida real, pra pessoas acima de 16 anos. E durante esse ano todos esses pacientes que tinham a possibilidade de usar a medicação assim fizeram nos postos de diagnóstico de malária”.
Recentemente, o relatório final da pesquisa foi apresentado à Comissão, que aprovou o uso da medicação em todo o território nacional. De acordo com o pesquisador Marcus Lacerda, foi encerrada esta semana a etapa de consulta pública, em que foram recebidos questionamentos e manifestações contrárias ou a favor do estudo.
“Os dados foram coletados do sistema de informação em Malária, que é um dos melhores sistemas de informação do mundo. E a gente tem agora essa análise sendo feita e é possível que ainda neste ano de 2023, a gente tenha a publicação final dos dados pra toda a comunidade científica. Com a aprovação dessa droga pela Conitec, a expectativa é que isso possa ser colocado em mais municípios, em mais estados do Brasil – o que certamente vai contribuir pra gente reduzir e, eventualmente, eliminar essa doença do nosso território”.
No Brasil foram registrados 128 mil casos de malária em 2022, segundo o Ministério da Saúde.
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