Prefeito provoca tumulto com distribuição de vacinas da Covid-19 e desafia Ministério Publico
Filas de até 7 quilômetros se formaram porque houve uma corrida aos pontos de vacinação. Alguns motoristas deixaram o carro na fila no dia anterior para guardar lugar e foram para casa para dormir
Após a Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, anunciar a vacinação para idosos acima de 60 anos, gerando filas gigantes e um verdadeiro caos na vacinação, a Justiça do Rio determinou que o município cumpra o Plano Nacional de Imunização (PNI). Caso a decisão não seja cumprida, foi estipulada uma multa de R$ 50 mil por dia, aplicada no prefeito Washington Reis e no secretário municipal de Saúde, Antônio Manoel de Oliveira.
Desafio ao MP
Reis desafiou determinação do Ministério Público (MP) do Rio, que, na quinta-feira, recomendara que a vacinação na cidade da Baixada tivesse como público-alvo pessoas acima de 80 anos. Caxias decidiu vacinar pessoas acima de 60 anos. O MP deu um prazo de 48 horas para o município se posicionar.
— Para mim, pouco importa (a orientação). Eu posso ouvir opinião de especialista, não posso ouvir a orientação do MP, jamais. Um governante de uma cidade de um milhão de habitantes jamais poderá ser orientado por uma promotora que nunca governou uma cidade. Fui eleito, quem é ela para dizer o que tenho que fazer com a cidade? — disse, bastante irritado, o emedebista, em um posto de vacinação no distrito de Xerém.
— Eu não posso receber orientação de quem tem não experiência. O Ministério Público tem quem cumprir o seu papel. Eu tenho experiência. Fui eleito, reeleito e sei o que estou fazendo. O povo concorda com que estou fazendo(…) Um governante de uma cidade de mais de um milhão de habitante jamais poderá ser orientado por uma promotora que nunca governou uma cidade — acrescentou ele, supostamente em referência à promotora Carla Carrubba.
Conforme foi publicado pelo DIÁRIO DO RIO, muitos moradores ficaram preocupados ao ver o novo grupo etário que seria contemplado com a vacinação, temendo que as filas causassem aglomerações. Esse receio se tornou real: pela manhã, longas filas de até 7 quilômetros se formaram até fora da cidade porque houve uma corrida aos pontos de vacinação.
Sem a obrigatoriedade de comprovar ser residente de Caxias, muitos carros de outros municípios estavam nos pontos de vacinação para tentar garantir sua dose, como Macaé, Contagem, Rio de Janeiro e Belford Roxo. Alguns motoristas deixaram o carro na fila para guardar lugar e foram para casa para dormir.
Segundo o próprio prefeito, havia 6,1 mil doses disponíveis. No entanto, o município tem cerca de 86 mil pessoas acima de 60 anos, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mesmo com todos os problemas, o prefeito da cidade afirmou no fim da manhã que manteria o plano, apesar de o Ministério Público já ter recomendado o contrário. Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que ainda “não foi intimada de nenhuma decisão que não a já anteriormente recebida e integralmente cumprida“.
O município alega que “o Plano Nacional de imunização está sendo plenamente cumprido pela municipalidade, dentro da competência que lhe confere a constituição federal para gerir as políticas materializadoras das campanhas de vacinação em seu território e para seus jurisdicionados“.
Além de seguir o PNI, as autoridades também deverão comprovar:
- quantas pessoas foram vacinadas com a primeira dose até 23 de fevereiro;
- quantas já tomaram a segunda dose até 23 de fevereiro;
- quantas doses o município já recebeu da CoronaVac;
- quantas doses estão reservadas para aplicação da segunda dose.
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