Nuvem de poeira Godzilla viaja 10 mil km do Saara para as Américas
O fenômeno, chamado de ‘nuvem de poeira Godzilla’, atinge o Caribe e está a caminho dos Estados Unidos
Satélites do NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos) captaram imagens de uma gigantesca mancha que cobre parte do Oceano Atlântico. As nuvens, bem como o azul e branco dos oceanos, frequentes nas imagens de satélite, foram cobertas por uma espécie de nuvem marrom, que atinge da África ao Caribe.
Segundo especialistas na área, o evento seria causado por uma massa de ar seco, acompanhado de poeira do deserto africano. Chamado de “nuvem de poeira Godzilla”, o fenômeno ocorre diversas vezes no ano. Contudo, neste ano de 2020, teria se intensificado.
O fenômeno inicia ao final da primavera, no verão e no começo do outono no Hemisfério Norte.
Seu processo dura em torno de cinco a sete dias e raramente ultrapassa a marca de uma semana.
Regiões como o Texas, Flórida e América Central são afetadas quando a massa de ar chega em ponto máximo. A área coberta pela nuvem saariana chega a ser maior que o território do Canadá e Estados Unidos juntos.
Em meados de junho a camada de ar se intensifica, chegando ao seu ponto máximo em meados de agosto, diminuindo rapidamente após esse período.
Em algumas regiões, como o Caribe, os efeitos da nuvem já são sentidos. Evitar atividades ao ar livre e usar máscaras de proteção devido à grande quantidade de partículas no ar também são recomendações nas áreas afetadas. A nuvem prejudica, inclusive, navios, que têm a visibilidade de navegação reduzida.
O fenômeno foi observado inicialmente na área Oeste da África e já percorreu 5 mil quilômetros pelo mar, chegando ao Caribe.
A nuvem atual apresenta a maior concentração de partículas dos últimos 50 anos. As informações são da especialista Olga Mayol (Universidade de Porto Rico), do Instituto de Ecossistemas Tropicais.
NOAA
De acordo com o NOAA, a nuvem Godzilla continuará se movendo pelo mar do Caribe, chegando à região oeste.
América Central, Costa do Golfo dos Estados Unidos e América do Sul, serão atingidos pelo fenômeno nos próximos dias.
A camada de ar se localiza de um a dois quilômetros na atmosfera e sua espessura varia entre três e cinco quilômetros. A quantidade de poeira chega a ultrapassar cem milhões de toneladas e algumas partículas já foram observadas no Rio Amazonas.
Ciclo natural
O efeito contribui para os ciclos naturais do planeta. O calor causado pela camada de ar, em contato com ares mais frios e densos, ajuda a estabilizar a atmosfera. Solos tropicais também são beneficiados pelos minerais contidos na poeira.
Os especialistas alertam para alguns minerais tóxicos, que podem ser nocivos para algumas espécies, entre elas os corais. Outro alerta é a formação de ciclones e furacões, que podem ser intensificados pela secura, calor e fortes ventos associados a camada de ar.
Nas regiões afetadas, a camada de ar é fortemente prejudicada pela redução de umidade no ar, podendo impactar na Saúde humana, afetando a pele e pulmões. Pessoas que apresentam problemas respiratórios podem desenvolver alergias e irritação nos olhos.
Em meio à pandemia de coronavírus, a recomendação de autoridades sanitárias é que os cuidados sejam redobrados, principalmente nos afetados pela Covid-19 e nos que apresentam doenças respiratórias.
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