Fiandeiras, tecelãs e tintureiras resgatam orgulho e tradição no sertão de Minas Gerais
As fiandeiras Tereza Custódia da Silva (primeira à esquerda), Simone Amorim de Souza (no centro) e Domingas Augusta da Costa Lima (à direita) e a tecelã Maria de Lurdes Rodrigues (atrás do tear) guardam saberes ancestrais passados de mãe para filha no sertão do norte e noroeste de Minas Gerais. Para resgatar a tradição, elas tiveram que vencer a desconfiança dos maridos e o estigma da profissão, tida como atrasada.FOTO DE JANINE MORAES
Na região mineira imortalizada por Guimarães Rosa como Grande Sertão Veredas, senhoras artesãs retomam o ofício, passado de mãe para filha, da produção têxtil artesanal.
É tempo de estiagem no Cerrado Central. A poeira suspensa tinge de vermelho as árvores tortas. Não chove há mais de 90 dias e a baixa umidade de setembro faz o corpo carecer de água. Do interior da mata seca, sob um sol abrasador, uma a uma as mulheres chegam, trazendo suas rodas de fiar. Elas saem das roças, no assentamento Saco do Rio Preto, com destino à BR-251, estrada que liga as cidades de Natalândia a Bonfinópolis, em Minas Gerais.
As vizinhas cruzam caminhos de terra batida. Cada mulher faz questão de carregar ela mesmo a sua roda. Cabelos grisalhos, Tia Maria anda encurvada, com o peso do instrumento de trabalho nos ombros. Antônia chega de carroça. Arlete de bicicleta. Na beira da estrada, debaixo da sombra de uma árvore, elas começam a fiar o algodão.
“Não pode tocar na roda. Elas ficam enciumadas”, avisa Simone de Souza, integrante da Associação das Artesãs de Natalândia. Sentadas em círculo, as rodas se movimentam. Reque, reque, reque. É o som contínuo das batidas dos pés nos pedais e as rocas a chiar. A conversa é de comadres. Contam causos, soltam gargalhadas. Alegria além das palavras.
Simone puxa a cantiga. “A roda que eu fio nela ô baiana, oi iá iá / É só eu que ponho a mão ô baiana, oi iá ia / Ou então minha cunhada ô baiana, oi iá ia.” Enquanto cantam juntas, movimentos delicados das mãos vão torcendo os capuchos de algodão, apertando o fio que se forma e que vai se enrolando no carretel. O gesto é repetido até a linha virar um novelo
As fiandeiras transformam o algodão em fios. Um ofício quase tão antigo quanto a própria humanidade. A roda e o tear manual são engenhocas trazidas ao Brasil pelos colonizadores portugueses. A primeira faz o fio. O outro, a trama do tecido. Com a mecanização e o desenvolvimento da indústria têxtil, o trabalho das fiandeiras e tecelãs praticamente desapareceu.
Na região conhecida como Grande Sertão Veredas, no norte e noroeste de Minas Gerais, as fiandeiras, ou “fiaderas”, como preferem ser chamadas, mantêm viva a fiação manual. São guardiãs do passado, conhecem os mistérios de um saber feminino transmitido pelas avós, mães e tias. Uma tradição preservada pelo isolamento geográfico dos confins do sertão mineiro, território consagrado nas histórias do escritor Guimarães Rosa.
Quando vemos a peça pronta para vender, desconhecemos o trabalho por trás dos fios. Após a colheita do algodão, primeiro retira-se as sementes e qualquer outro tipo de impureza. Pode ser feito à mão ou com um descaroçador, espécie de moenda feita de dois cilindros de madeira. Depois, carda-se o algodão, o que significa transformar os chumaços em uma leve pluma.
Com pares de cardas (espécies de pás de madeira com pentes de aço), os capuchos de algodão são penteados de modo que as fibras fiquem desembaraçadas, prontas para a fiação. “O segredo é deixar torcer. Mas não pode torcer pouco ou demais. Você tem que saber o ponto que dá para soltar ou esticar a linha”, conta Maria Nilma, fiandeira de Riachinho (MG).
Fiar, tecer e bordar são tarefas que as mulheres sertanejas aprendiam desde meninas. O algodão era plantado nos roçados. As mães faziam as roupas da família a partir de linhas fiadas por elas mesmas e a sobra era vendida para vizinhos ou comerciantes. Quando as filhas viravam adolescentes, teciam seus enxovais de casamento, colchas e fronhas que seriam presenteadas ao noivo.
Dona Nega, fiandeira de Sagarana (MG), começou a fiar sozinha na infância. Morava perto de uma vereda, distante do mundo. Um caminhão aparecia a cada três meses para vender mantimentos. Eram 15 pessoas na família, o que demandava muito trabalho. “Com sete anos eu já fiava igual mulher grande”, diz Dona Nega. “Tudo era algodão né? As roupas, as cobertas, a capa do colchão de palha de milho e o saco de mantimentos, a tuia.”
Dona Maria Helena, de Uruana de Minas, fia em casa, na roda que pertenceu à sua mãe. “Assim como ela, sustentei a família toda fiando”, conta orgulhosa. Quando tece, a memória traz o rosto e as mãos da mãe. “Acompanhava ela nos mutirões. Era a gente e o barulho da rodinha cantando.” A marcas “V e V” revela a origem: a fábrica de Patos de Minas (MG), famosa por fornecer as melhores rodas da região. A fábrica fechou e hoje não existe quem venda.
As fiandeiras cantam quando se encontram para trabalhar. A tradição veio dos chamados mutirões, festas em que a comunidade se mobilizava para realizar atividades que demandam mão-de-obra acima da capacidade familiar. A cantoria ajudava a alegrar o ambiente e a quebrar a monotonia do trabalho. As mulheres inventavam rimas e a brincadeira era desafiar a outra com versinhos improvisados.
Teresa da Silva, 74 anos, aprendeu as cantigas nos mutirões de solidariedade. “Todo mundo ajudava a dona do mutirão. A gente cardava e fiava, tinha dia que ficava até rouca de tanto cantar. Era muito bom”, lembra Teresa. “Nós na roda e os homens capinando enxada. Juntava umas 40 pessoas.”
Mudanças à vista
O mundo moderno chegou ao sertão mineiro na metade do século 20. A mudança foi impulsionada pela construção de Brasília, em 1960. A capital federal, a cerca de 250 km de distância, trouxe o asfalto, novos empregos e o êxodo rural. O progresso veio com a luz elétrica, a televisão e os carros a motor.
Guimarães Rosa narrou as belezas do sertão mineiro, com veredas e buritis a perder de vista. Hoje, viajar por essas sertanias é ver uma paisagem em transição. Toda a região vê chegar a mecanização da lavoura, os grandes pivôs de água e as vastas extensões de plantações de feijão, soja, capim, cana e eucalipto. Mas ainda existem as árvores retorcidas e o colorido dos ipês desponta na seca.
O renascimento dos antigos processos artesanais só aconteceu com ajuda da Central Veredas, cooperativa que atua como braço comercial das artesãs no vale do rio Urucuia. A sua fundação, em Sagarana (MG), é resultado de um trabalho desenvolvido em 2002 pela ONG Artesol. O projeto ofereceu oficinas de capacitação e estimulou a organização das artesãs em associações.
“Nosso trabalho busca resgatar e valorizar os saberes tradicionais”, explica Dionete Barboza, coordenadora da Central Veredas. Hoje as mulheres são organizadas em associações nas cidades de Riachinho, Sagarana, Bonfinópolis, Uruana, Chapada Gaúcha, Buritis, Urucuia e Natalândia. Os tecidos são confeccionados de forma totalmente artesanal e o trabalho é feito em rede, com núcleos de produção que envolvem 180 mulheres nos processos de fiação, tingimento natural, tecelagem e bordados.
Quando o projeto da ONG Artesol começou, a prática de fiar estava esquecida, mas havia um potencial. Entre mães de família e donas de casa, um mapeamento identificou 200 mulheres fiandeiras na região – senhoras que viviam no campo e em vilarejos. Lavradoras, invisíveis aos olhos da rua, fiavam no silêncio de suas casas. Muitas analfabetas, mas que conseguiam ler a trama complexa das linhas como ninguém.
O ofício dessas mulheres também era visto de forma negativa por parte dos moradores. Era considerado sinal de pobreza na região, símbolo de um mundo atrasado. “As mulheres saíam pra fiar com as roda na carcunda e as meninas diziam que a gente era cafona”, conta Dona Nega.
Foi preciso vencer o estigma da profissão e a desconfiança dos maridos. “Convencer as mulheres a voltar a fiar e tecer de forma coletiva foi um trabalho difícil”, lembra Dionete. “Na época, elas nunca saíam de casa e não estavam incluídas na sociedade. Sentiam solidão. E esse trabalho trouxe um novo olhar sobre a vida delas.”
Com a formação dos grupos de produção, a artesãs passaram a vivenciar momentos importantes, como a realização dos mutirões, onde cantam cantigas de trabalho. São espaços de encontro, partilha de saberes e afetos femininos. “Toda vez que a Simone liga eu já tô com a mala pronta”, brinca a fiandeira Antônia Ramos. Os mutirões viraram arte e as mulheres passaram a ser convidadas a se apresentaram em festivais de cultura em todo o Brasil.
Maria Coelho, a Tia Maria, diz gostar das andanças. Aos 83 anos, ela ainda caminha em diferentes romarias do sertão. Tem amor pelas travessias e diz que com as fiandeiras pode conhecer outras cidades. Na bagagem, leva a roda e filosofias. “Não tenho nada de leitura. Eu vivo no meio dos outros mesmo assim. Minha mãe falava que aprender as coisas não ocupa lugar”, diz ela. “Você usa o que for preciso. O que eu acho mais bonito de ser fiandeira é a união e esse tanto de gente olhando pra nóis.”
As andanças deram reconhecimento às artesãs, mas as dificuldades ainda são muitas. O artesanato não garante a sobrevivência de quem o faz e um dos maiores entraves da Central Veredas é conseguir pagar à vista quem está na ponta da corda. Um produto chega a custar R$ 200, mas passa por pelo menos seis mãos. O pagamento ocorre só depois que a peça é vendida – as artesãs esperam meses e desanimam por não ver o retorno esperado. Uma das soluções é trabalhar apenas com encomendas.
Outro desafio é a falta de algodão, que ninguém mais planta. As fiandeiras testaram o algodão industrializado, mas os fios desmanchavam fácil. Sem a matéria-prima, o trabalho de fiação está parado. Este ano, a Central Veredas fechou um projeto para estimular o plantio de algodão orgânico entre pequenos produtores de agricultura familiar. A ideia é fortalecer a produção local para que os fios sejam vendidos para marcas de moda que buscam o diferencial de técnicas sustentáveis em suas criações.
Encantos e desencantos
Sagarana é um pacato distrito de Arinos. Tem nome inspirado na obra de Guimarães Rosa. A vila rural nasceu em 1970, sendo o primeiro assentamento de reforma agrária de Minas Gerais. Na vila, diz-se bom dia ou boa tarde a quem quer que se cruze no caminho.
Chegamos na época da colheita do baru, nativo do Cerrado. Os moradores passam as tardes quebrando o fruto nos quintais. No passado, o baru era alimento para o gado. Agora, a castanha foi descoberta por renomados chefs de cozinha e hoje tem alta valia no mercado.
Cruzando a estrada principal de Sagarana, ao lado de um campinho de futebol de várzea, uma estátua de concreto chama a atenção de quem passa em frente ao galpão da Associação dos Artesãos. É Dona Gercina, sentada a fiar e a mirar a comunidade.
Dona Gercina foi uma das primeiras moradoras a chegar em Sagarana. Reconhecida pela alegria, fez as fiandeiras ganharem protagonismo. Além de líder da Associação dos Artesãos local, era poeta – criou versos e músicas para as fiandeiras cantarem. Para ditar o ritmo das danças, chamou os tocadores de Folia de Reis, que incorporaram a sanfona, o violão e o pandeiro às apresentações.
Gercina organizava todos os mutirões de fiandeiras. Era comadre de todas e juntava benzedeiras, parteiras e rezadeiras. Depois que faleceu, em 2014, tudo mudou. A vila entrou em luto. Hoje o galpão das artesãs tem ares de abandono – as janelas estão com fendas, parte da madeira do forro já caiu. Nada que lembre o brilho do passado, quando o local chegou a abrigar mais de 50 fiandeiras que passavam as tardes trabalhando juntas.
Dona Nega guarda um retrato de Gercina na parede da sala. “Ela era minha grande amiga. Gercina era a luz de Sagarana”, diz a fiandeira, com os olhos tristes ao falar da fotografia. “Ela sempre será meu anjo da guarda. Com ela, não tinha medo de enfrentar o mundo. Depois que ela morreu, o medo voltou.”
Dona Nega nos chama para conhecer a associação. Ela carrega sua roda de fiar nos ombros e caminha em direção à estátua. “Eu não acho que parece com ela não”, observa. Em frente à estátua, faz uma homenagem a quem se foi – suspende a roda para que a amiga fie mais uma vez.
Este ano, outra morte abalou a comunidade. Foi-se Dona Conceição. Muitas fiandeiras se aposentaram. Dona Geralda quase não sai de casa. A talentosa Maria Braga vendeu as cardas e a roda. “Vejo a vida passar na janela”, lamenta.
As que ainda resistem sentem saudades de um tempo que não volta. Muitas carregam a mágoa de não ter a quem transmitir o conhecimento. A falta de interesse das novas gerações veio pela força da lei da vida. No campo, os jovens acabam optando por morar na cidade, em busca de uma colocação no mercado de trabalho ou ainda para continuarem os estudos. As filhas que ficam acreditam que o artesanato dá muito trabalho para pouco dinheiro.
Relíquias guardadas
Maria Nadir Mendes, a Dona Nadir, é considerada a artesã mais experiente de Riachinho. No seu sítio ela cultiva pomares, hortas e até um pé de algodão. “Eu não gosto de coisa química nenhuma. Coisa industrializada eu não dou certo com nada. Tudo que eu faço é artesanal”, conta.
A fiandeira nos recebe com um vestido que ela mesmo fez. A peça fez sucesso no São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil. Ela foi convidada a assistir ao desfile da estilista Flávia Aranha. Na ocasião, uma modelo desfilou com um casaco de coxinilho, feito pelas mãos de Dona Nadir. “É bom ver que a pessoa valoriza o que a gente faz”, diz a artesã. Conhecido no sertão como “xinil”, o tecido rústico de algodão era usado nas selas de cavalo e hoje foi reinventado para novos usos.
“Viver é perigoso”. A frase de Guimarães Rosa está num quadrinho na estante da sala de Dona Nadir. “É perigoso mesmo né? Tem que ter coragem”, diz a artesã. Ao lado, um baú de madeira guarda mantas, panos e roupas que ela criou ao longo da vida. As peças carregam histórias e memórias. “São as minhas relíquias”, conta. O xodó é uma colcha com um bordado de pavão. É o seu enxoval, que ela mesma teceu aos 16 anos. “A gente cantava assim: quando este pavão cantar, nosso amor há de se acabar”, lembra Nadir. “Esse era o presente que a noiva dava pro noivo. Era a mesma coisa que um anel de noivado.”
Nos fundos da casa, Dona Nadir guarda um bonito tear, usado para pequenos trabalhos. Ela é a única tecelã da região a praticar a técnica do repasso mineiro, com as linhas formando desenhos a cada passagem do fio. Dona Nadir sabe pontos e tramas do tear como o redemoinho, a roda d’água, a coberta de bico, a casca de laranja. Mas não tem para quem ensinar. “Aqui ninguém quer aprender. Eu não quero parar nunca. Mas se o jovem não chegar pra frente não vai ter jeito.”
Filha de fiandeira, Maria de Lourdes é tecelã em Natalândia. Seu sustento vem da fabricação artesanal de tapetes, mantas e xales. O trabalho manual demanda alto grau de concentração. No tear, primeiro prepara-se a teia na urdidura, espécie de tela de madeira com pentes. Depois, a tecelã segue orientações de determinados tipos de desenhos e padrões que deseja tecer. Por fim, ela joga a lançadeira, um cilindro que percorre o tear de um lado para o outro, passando o fio, um para lá, um para cá, formando a trama.
“É um trem que não acaba”, desabafa Maria de Lourdes. Um tapete pode levar até quatro horas para ficar pronto. Um tecido de dois metros, o dia todo. Mas o tempo vagaroso trouxe quietude para os pensamentos da tecelã. “Eu me sinto bem quando estou tecendo. Se ficar em casa sozinha, lembro de tudo”, diz ela. “Estando aqui, parece que alivia a dor. Aqui faz bem pra alma. Você coloca o sentimento.”
Maria de Lourdes perdeu dois filhos e chegou na associação para acompanhar uma outra filha, que sofria de depressão. “A Fatinha estava tão triste que eu tinha que dar comida na boca dela. Uma colega dela arrumou essa associação. Ela foi aos pouquinhos e se curou tecendo e a aprendendo.”
Cores vivas
Nos fundos de uma casinha em Uruana de Minas, panelas borbulham no fogo. Um tecido tingido com moreira acaba de ganhar a cor amarela. O tingimento natural é feito por corantes extraídos de sementes, cascas, folhas, serragens e frutos do Cerrado. A técnica tem raízes indígenas e sempre foi usada na zona rural. Quem cuida da pigmentação são as mulheres da Associação Cores do Cerrado.
“A gente ajuda a manter o Cerrado em pé porque não causa dano à natureza”, diz Leonivam Silva, artesã na associação. As mãos das tingideiras trabalham com as matérias-primas que o bioma dá – murici, jatobá, baru, urucum, açoita-cavalo, folha de manga, anil. Insumos como a casca de cebola, lama preta de brejo e ferrugem também são aproveitados.
Cansada da cidade grande, Neide Almeida, 40 anos, decidiu sair de Brasília e voltar para Uruana de Minas. Ela já foi merendeira, açougueira e auxiliar administrativa. Hoje é líder da associação. Diz que se encontrou como tintureira, inventora de cores. Os tons nascem com as dicas do pai, conhecedor das plantas.
“O sertão é vida. A beleza está na forma. As árvores se retorcem para sobreviver, são sofridas. Mas quando se retira cores delas é alegria. Isso é mágico né? ”, conta Neide. A associação resgatou seu amor às tradições. Seu sonho é morar na beira do rio, criando pigmentos em uma casa de barro cheia de objetos antigos. “Imagino morar em uma casa museu.”
Como o ir e vir do percorrer de um novelo, a viagem chega ao fim. Tia Maria dá adeus aos que partem e se despede com um versinho improvisado pela nossa conversa. “É muito tarde, eu preciso de ir embora / Boa noite, minha querida /Deixarei o meu retrato contigo / Mas se quiser sonhar comigo / Sonhará a noite inteira / Que eu também sonharei contigo.”
Matéria:nationalgeographic
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